25 de mar. de 2010

Major Mária + Film Comission

MAJOR MÁRIA

A Carolina Gontijo, da Film Comission, com todo o seu jeitinho e competência, me colocou em contato com a Major Mária, da PM 5 (situada na Rua da Bahia / Praça da Liberdade BH/MG).
Por incrível que pareça, hoje pela manhã, recebi um telefone da Major para falarmos sobre nosso documentário "Mulheres de Farda". Confesso que me surpreendi com tamanha disponibilidade, e, é claro, só tenho o que agradecer.
Com muita propriedade, Major Mária me alertou que não filmássemos em dependências internas de penitênciárias, uma vez, que as mulheres que lá trabalham (usam uniforme e não fardas) são AGENTES e não MILITARES FARDADAS. São mulheres muito importantes e imprescindíveis para o meio, porém não são concursadas para a carreira militar. Assim sendo, imagens sendo feitas em presídios e penitênciárias podem abranger de mais ou de menos nosso alvo. Concordo completamente, e , quem sou eu para contestar Major Maria.
Teremos um encontro (ou vários) na semana que vem, no(s) qual(s) ela se disponibilizou em nos mostrar vídeos, apresentar outras militares e abrir seu universo para nós, estudantes de cinema.
Mulheres como Major Mária são de extrema importância para nosso trabalho. Sem preconceitos limitadores que impossibilitariam nosso documentário, ela tem tudo para ser um personagem completo deste filme e uma grande parceira.
Obrigada, Carol Gontijo. Obrigada Major Mária.

19 de mar. de 2010

Itens de pesquisa


Aí está uma coisa que nos interessa!!! Mulheres por trás das fardas!

Penitênciária Feminina Estevão Pinto


Hoje iniciei a produção do documentário "Mulheres de Fardas". Depois de algumas poucas reuniões com meus colegas, as quais decidimos as funções de cada um dentro desta produção, ficou sobre minha responsabilidade tal função.

Ainda bem perdidos sobre qual rumo tomar, qual linguagem, o que abranger, o que não abranger, o que focar, entre tantas outras dúvidas, já é hora de partir para a prática. Ao meu ver, ainda é cedo, pelo o que temos em projeto e pela orientação, até agora, dada pela professora, Maria De Fátima Augusto. Não que ela não tenha dado informações suficientes para o trabalho, mas é certo que deveríamos ter um pouco mais de tempo para pesquisar e para o planejamento do filme. Exemplo disso, é o fato de que para obter o alvará para filmagens internas, em muitos casos, como no abaixo descrito, será necessário ter, já planejado, os dias e horários que a equipe se disponibilizará. Ou seja o cronograma deve ser feito antes de iniciar a produção, no quesito prática.

Enfim, A Penitênciária Feminina Estevão Pinto, situada na Av. Dos Andradas, em Belo Horizonte, foi meu primeiro foco nesta busca pelas mulheres militares dentro de nossa cidade. Consegui fazer algumas fotos da fachada da penitênciária, mas para fazer imagens das dependências internas de lá será preciso uma reunião formal com o Dr. Hamilton Mitri, responsável pela Superintendência Prisional. Diga-se de passagem, este tipo de reunião causa certo "friozinho na barriga".

Fui muito bem recebida no local e desde já agradeço a atenção e cuidado da agente Lílian, que me atendeu e me orientousobre as condições da instituição. Agradeço, também, ao simpático Gilberto, guarda que me auxiliou e que, com certeza, está torcendo para que dê certo nossa experiência.

18 de mar. de 2010

Diário de Campo e convite

Utilizaremos este espaço também para expormos um pouco da trajetória de se fazer um documentário, inclusive nossas idas à campo para preparar as filmagens, contactar as personagens e estabelecer nossa preparação. Ao longo deste processo, acrescentaremos as informações teóricas e de planejamento, muito úteis para a concretização da proposta.

Os primeiros contatos já foram estabelecidos. Temos duas prováveis personagens, vizinhas da Bruna, que estão dispostas e disponíveis para participar do documentário, mas aguardam a autorização da corporação para alguns aspectos e imagens que gostaríamos de abordar. Além destas duas personagens, estamos contactando as assessorias de imprensa dos Bombeiros, Polícias, Exército e Aeronáutica, em busca de mais personagens e de autorização para delimitarmos nossas possibilidades reais. 

Se, por acaso, você que nos lê for uma "Mulher de Farda" e quiser contribuir com nosso projeto de documentário, mesmo que seja apenas contando histórias e propondo perspectivas novas, entre em contato conosco através do email tickibera-cinema@yahoo.com.br ou através deste blog. Será muito útil ouvir vocês para complementarmos a proposta e, desse modo, representarmos melhor o que é ser uma mulher militar.

6 de mar. de 2010

Estratégias de Abordagem

  • Com as mulheres

    • Entraremos em contato com mulheres militares que já são conhecidas dos integrantes do grupo. Elas serão nosso principal objeto, devido à possibilidade maior de abertura por já serem conhecidas. Além disto, procuraremos outras mulheres que também são militares e que gostariam de participar de nossa proposta. Podemos verificar se outras pessoas que conhecemos têm indicações de mulheres que trabalham na carreira e também procurarmos indicações através das assessorias de imprensa destes setores em Belo Horizonte. A abordagem será sutil e o mais clara possível para que as mulheres entendam exatamente o que pretendemos fazer e nos informem sobre o quanto querem e podem colaborar. Mesmo que algumas destas mulheres não estejam dispostas a nos deixarem filmar o seu cotidiano, a conversa com elas será material extremamente útil para o direcionamento do documentário e o esclarecimento de algumas das dúvidas e curiosidades que nos moveram a este processo de conhecimento.

  • Sobre as identidades destas mulheres

    • Após encontrarmos a abertura necessária para iniciar o trabalho com algumas militares, vamos verificar também o quanto elas estão dispostas a compartilhar conosco informações que compõem e caracterizam sua identidade, bem como suas particularidades psicológicas e atividades cotidianas. Neste momento haverá um aprofundamento sobre o que elas permitirem que mostremos de suas vidas. Devemos ser ainda mais sutis e respeitosos, pois se trata da esfera privada destas pessoas. Portanto, estaremos preparados com perguntas e propostas de filmagem claras e específicas que deverão ser adequadas à realidade e disponibilidade de cada uma das mulheres que participarem do projeto. Estaremos abertos à algumas sugestões e anseios sobre algo que elas queiram revelar que possivelmente não havíamos pensado anteriormente.

  • A casa delas

    • Ainda na esfera privada, deixaremos clara a intenção de conhecermos suas casas, como forma de extrapolar a caracterização do uniforme e do trabalho. Neste momento, é possível que encontremos outras pessoas que convivem com elas, com as quais nós não tivemos contato e não sabemos a disponibilidade para aparecer no documentário e revelarem coisas das relações com aquelas mulheres que fazem parte da vida destas outras pessoas. É muito provável que acabemos tendo contato com as famílias das militares neste momento, o que também devemos questionar a elas sobre a permissão delas e destas pessoas para que participem do projeto. Devemos estar preparados para as rejeições, dificuldades e impossibilidades, negociando os limites do que e do quanto será mostrado dessa vida mais particular, de modo a respeitar a privacidade e garantir que a segurança delas não seja afetada com a exposição que daremos a elas através da filmagem.

  • O ambiente de trabalho

    • Imaginamos que este seja o local mais delicado de trabalharmos, vistas as regras e limitações que as próprias organizações militares devem ter quanto à exposição de sua estrutura e funcionários. Para que possamos estabelecer os limites reais de possibilidade de trabalho com o projeto, dentro destes locais, entraremos em contato com a assessoria de imprensa dos mesmos, de forma a receber orientações e direcionamentos. Neste contato, talvez descubramos outras personagens para a nossa proposta, e iremos verificar também a sua disponibilidade para colaborar individualmente e não apenas nas indicações sobre a organização. Por se tratar de ambiente com limitações possivelmente maiores, deveremos exercitar a nossa negociação com diplomacia, sempre respeitando as condições exigidas para o nosso trabalho, mas procurando também esclarecer os pontos que talvez tenham ficados obscuros na nossa proposta, de forma a tentar conseguir uma maior abertura e abrangência para recolhermos nosso material audiovisual.

  • O trabalho nas ruas e a população em geral 

    • Nas ruas, espaço público, as limitações são menores, mas a abertura das pessoas talvez não seja tão fácil, devido ao seu maior número. Devemos tomar cuidado com a atenção excessiva sobre os equipamentos e a equipe de gravação, de modo a interferir o mínimo possível no trabalho de nossas personagens. Além disto, devemos ser cuidadosos ao abordar os pedestres e passantes, esclarecendo o suficiente para que saibam do que se trata a proposta e decidam ou não colaborar. São pessoas importantes para a construção da imagem (in)comum das mulheres militares, mas devemos lembrar a todo o momento que o nosso foco de trabalho e nossa maior preocupação deve ser com elas.

Eleição e Descrição dos Objetos

  • Mulheres militares
    • As mulheres que vestem farda serão nosso “objeto” principal. Independente da especificidade de cada carreira que estas mulheres sigam (Polícia, Bombeiros, Aeronáutica, Marinha, etc.), todas têm em comum a profissão militar e os preconceitos e particularidades que esta profissão acarreta.

  • Identidade
    • Como se dá a relação com o medo, a coragem e os reflexos psicológicos da profissão? Eles também refletem nas outras relações que não sejam profissionais?
    • Como elas se caracterizam quando estão sem farda? Elas se divertem? Têm vícios? Como lidam se e quando infringem alguma lei (como fumar em local proibido, ou levar uma multa, por exemplo)?
    • Como elas justificam a escolha por esta profissão? Elas estão satisfeitas e se sentem realizadas? As expectativas antes de começarem a atuar na carreira militar se comprovaram? Quais eram estas expectativas?
  • A casa destas mulheres

    • · Para sermos capazes de aprofundar no cotidiano das mulheres de farda, é preciso que tenhamos acesso às suas moradias; local onde a individualidade se revela mais facilmente, até mesmo por causa da ausência da responsabilidade que a farda carrega. Elas são capazes de “deixar o trabalho de lado” e agir com menos rigidez e autoridade, características predominantes na profissão?
  • O ambiente de trabalho

    • · É necessário também investigarmos o ambiente profissional destas mulheres, já que este é o lugar onde elas estão uniformizadas e em atuação profissional. Neste ambiente, como são as relações de poder e hierarquia? Existem preconceitos e discriminação com elas?
    • As ruas são outro lugar em que estas mulheres trabalham e estão mais expostas aos riscos da profissão. O nosso acesso a mulheres militares neste local, provavelmente, será mais fácil do que acreditamos ser nos quartéis? Em relação às suas posturas e restrições éticas, haverá mais disponibilidade para que elas nos revelem seu cotidiano?
  • A população em geral
    • No ambiente público, um objeto interessante para abordarmos é a população. Como reagem as pessoas ao serem abordadas por militares femininas? Há respeito? As pessoas são mais amigáveis ao tratarem com mulheres? E a abordagem delas, difere em algo das dos homens?

Proposta Documental

A proposta de abordagem documental de “Mulheres de Farda” é pautada principalmente no método interacional, já que temos intenção de, além de observar o cotidiano das mulheres militares, perguntar diretamente a elas sobre algumas das questões abordadas na Visão Original do projeto. 

Quanto aos aspectos audiovisuais, pretendemos realizar uma montagem que desconstrua o clichê da imagem de uma mulher de uniforme em sua forma mais comum – o fetiche -, possibilitando ao espectador uma experiência de olhar mais profundo sobre as mulheres que trabalham na carreira militar. Como faremos isso? Nos momentos iniciais do documentário, mostraremos apenas a superficialidade da farda: o trabalho nas ruas, as reações e ações dos passantes ao se depararem com uma mulher uniformizada, entre outras situações possíveis de serem observadas por qualquer pessoa. Podemos também mostrar a atuação destas mulheres na profissão, mas ainda sob um aspecto superficial, condizente com o senso comum. 

Após esta primeira contextualização na visão clichê das mulheres fardadas, continuaremos a montagem das imagens, com a participação mais efetiva delas. Suas tarefas, atitudes, conversas. Detalhes, entre outros, que nos proporcionam aprofundar um pouco mais a visão comum e alcançar os vestígios imagéticos de suas personalidades, feminilidade e anseios. É neste momento que começa o processo de interação com as atrizes sociais do nosso documentário. As nossas dúvidas, curiosidades, considerações, serão colocadas em pauta para que elas mesmas possam nos mostrar como a visão comum pode ser modificada. Como elas gostariam de ser vistas, além do fetiche da farda? Se é isto o que as identifica como pertencentes a uma profissão de maioria masculina, quais são as situações, atitudes, características e adereços que elas terão para nos mostrar a sutileza que têm mesmo em uma profissão que pressupõe que elas sejam “duronas”? Neste sentido, intentamos deixar que elas também participem efetivamente do processo de darmos voz ao feminino por trás das fardas. 

Existem aspectos da imagem que não podemos definir ainda, posto que não sabemos o que nos será permitido gravar. Ainda assim, é importantíssimo que tenhamos estas diretrizes do processo de gravação para que não nos percamos. Uma sugestão interessante que tivemos na equipe foi a da capacitação de todos os integrantes para a operação da câmera, assim poderíamos trabalhar durante mais tempo, de acordo com a disponibilidade de cada um e com uma equipe de menor número. É algo que está em consideração, mas bastante viável e adequado à proposta documental.

5 de mar. de 2010

Visão Original

Mulheres de Farda são diferentes, atraentes, misteriosas. Apesar deste olhar inicial que votamos a elas ser bem clichê, procuramos ir além. Desejamos despojar as fardas das mulheres militares para descobrir o que há por trás de suas roupas: são mulheres, mas são comuns? O cotidiano delas envolve assuntos, posturas e dificuldades diferentes do cotidiano de quaisquer outras mulheres em profissões não-militares. O que difere umas das outras? Elas têm as mesmas expectativas quanto à formação de uma família e a geração de filhos? Quais são os riscos da carreira nos planos de vida destas mulheres, às vezes armadas? Nossa proposta é descobrir exatamente o que acontece no cotidiano das Mulheres de Farda. Quanto de seu uniforme elas estarão permitidas ou dispostas a se despojar para nos revelarem os mistérios de suas diferenças? Quantas semelhanças descobriremos entre estas e todas as outras mulheres? Quantos desejos? Quantas ambições? Quanta feminilidade? Mulheres de Farda podem ser interessantíssimas, mas elas ainda são mais do que o que representa a farda que vestem.

Documentário "Mulheres de Farda"

Este blog é um espaço para os realizadores do documentário "Mulheres de Farda" falarem sobre o processo de produção do mesmo, bem como suas ações e contribuições para o andamento do projeto e as dificuldades ao longo do mesmo.