9 de abr. de 2010

Um Dia Incomum


Eu e Paola tivemos hoje um encontro bem informal com Major Maria, do Comando Geral da Polícia Militar de BH (PM5). Ela, assim como a outra militar, Raquel, estavam em trajes muito bem alinhados (fardas) e com muita elegância, beleza e desprendimento nos atenderam neste primeiro encontro.
Dona de um senso de humor invejável e contagiante, e surpreendentemente bonita e elegante, Major Mária trabalha duro, mas em um ambiente descontraído e bem diferente do que achamos ser uma repartição policial. Depois de 27 anos na carreira militar, ela pretende, neste ano, se aposentar e a partir de então, levar uma vida mais voltada para seus 3 filhos e seu marido, coronel da polícia militar. O curioso é que nos falou que nesta profissão os homens e mulheres se casam muito entre eles. Sua saída antes dos 30 anos obrigatórios para aposentadoria se deve ao fato de que, no ano passado, foi conseguido que o tempo para a aposentadoria diminuísse para as mulheres, agora sendo 25 anos de profissão.
Hoje, portanto, por ser o início do processo, a Major nos orientou bastante sobre as hierarquias do comando militar, suas funções e repartições: Bombeiro, Polícia Militar, Polícia de Trânsito, Marinha, Aeronáutica, GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), Exército, entre outras funções, como médicos, dentistas e psicólogos, prestadas por militares graduados, mas também profissionais da carreira militar.
Segundo Major Mária as mulheres militares são poupadas de trabalhos mais perigosos e que as expõe em grandes riscos, como ocorrências de assaltos, assassinatos e coisas do tipo. Justifica-se o porque de a ROTAM (ocorrências de alto potencial de riscos) não possuir policiais femininas. Há um caso de uma policial militar que foi assassinada em BH com um tiro na cabeça, há uns anos atrás, em plena ocorrência policial. O fato é que a policial chegou antes da escolta, formada por policiais masculinos, que, nestes casos, sempre as acompanham.
Há no âmbito militar em Minas Geraes um número muito pequeno no efetivo de mulheres dentro dessa carreira, chegando hoje a apenas 7% do total de militares; mesmo assim esse número subiu 3 % desde de 2008. Para se ter uma idéia, não há em MG uma pilota de aeronaves para o serviço militar, ficando aos homens, somente, esta função no estado (Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo). Para ser uma pilota, a mulher militar deve gozar de um exemplar tipo e condicionamento físico. A justificativa para tão poucas mulheres nesta profissão se faz por alguns motivos, dentre eles: A mulher, assim como os eclesiásticos, não são obrigados a se alistarem no serviço militar, como os homens, na maioridade; Outro fato, é que há um certo preconceito ou até mesmo uma limitação ao entendimento para o que realmente significa ser uma mulher no serviço militar, o que fica subentendido para a sociedade que o serviço militar seja uma profissão quase e praticamente, masculina. O próprio condicionamento físico das mulheres também pode impedi-las na carreira militar, que, por sua vez, é muito exigente. Outro fato que justifica a pouca atuação de mulheres nesta área é que em 1989 foi fechada a Cia Feminina de Polícia, o que ajudou a diminuir o efetivo.
De dois em dois anos, os militares (homens e mulheres – sejam eles de qualquer subdivisão) são obrigados a fazerem uma semana de treinamento, onde passam por uma palestra preliminar e treinamentos físicos e operacionais como: Judô, tiro ao alvo, Atendimento de ocorrência, abordagem, etc.
Há ainda mulheres militares que participam da Orquestra da PM, tendo assim, um “hobbie”, podemos chamar, uma segunda profissão dentro da carreira. Porém, dentro da área de segurança, um militar, seja ele qual for, não se pode praticar mais de uma especialidade, por exemplo: um policial militar não pode ser um segurança nas horas vagas. Esta carreira é exclusivista, pode-se dizer assim.
Deixamos hoje o Comando Geral da Polícia Militar de MG com outro pensamento sobre estes profissionais: São pessoas comuns, que como qualquer um de nós conversam e dão risadas durante o expediente, que gostam de músicas e que, apesar de tanta pressão no trabalho, andam de bem com a vida. Ah, vale constar que conhecemos um policial DJ e o maestro, Capitão João Jorge, da Banda da PM – AMOS: Academia Musical Orquestra Show – policiais músicos que tocam de “cabo a rabo” (uma expressão, trocadilho, usado com humor por Major Mária que fez questão de nos apresentar para todos que trabalham ao seu lado.)
Para um próximo encontro, ela se disponibilizou em nos ajudar a conseguir a liberação para colher material no Corpo de Bombeiros (hoje, uma entidade separada deles, autônoma, mas que ainda são ligados pelo trabalho e amizade) e também tentará conseguir, com sua influência, uma autorização para visitarmos outras subdivisões militares. Ou seja, encontramos a pessoa certa para este documentário. Uma mulher de fibra, carisma e muita força e simpatia.
O espírito irreverente da Major (nossa estrela; ela aceitou ser um de nossos personagens!) traz no seu toque de celular uma música do Cold Play (ela foi no show!), e para hoje, seu programa é no AXÉ BH com sua família.
Agradecimentos: Major Mária, Major Alberto Luis, Sgt. Raquel, Capitão João Jorge.

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